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10 de maio de 2011

Dividas Americanas

Eberhardt Unger

Há decénios que o endividamento dos Estados Unidos (sectores financeiros e não-financeiros) aumenta mais depressa que o PIB (a diferença entre as suas curvas não pára de aumentar).

A produção de um ponto de PIB suplementar necessita sempre de mais dívidas. Hoje, são precisos 5,80 $ de dívida para criar 1$ de PIB. A dívida visível nas contas (uma parte das dívidas está fora do balanço) e financiada pelo crédito atinge hoje 354% do PIB americano.

O motor do crescimento económico não é a poupança e o investimento, mas o consumo financiado pelo crédito.

Segundo as estimativas do Gabinete de Orçamento do Congresso, os défices dos orçamentos públicos na prática duplicarão até 2021, para atingir os 9.500 milhões de milhões de dólares. A dívida total ultrapassará então os 60.000 milhões de milhões de dólares. Não é de prever nenhum declínio da dívida dos Estados Unidos.

Que papel jogam as agências de notação?
É particularmente chocante ver as agências de notação continuarem a dar crédito aos Estados Unidos mantendo desde há tanto tempo uma avaliação AAA, quando, na mesma altura, desvalorizam as obrigações dos países periféricos da zona euro para o nível de obrigações “podres”. E no entanto eles têm o mesmo nível de endividamento.

São elas verdadeiramente neutras ou há dois pesos e duas medidas? A ameaça da agência S&P de rever, em baixa, a sua apreciação da solvabilidade dos Estados Unidos, desencadeou em Washington a indignação dos homens políticos que sublinharam que o país tem toda a capacidade para enfrentar os seus problemas.

Ora é exactamente esta “capacidade” que o gráfico em baixo pôe seriamente em causa. Este gráfico põe ainda em evidência o comportamentos dos mais importantes investidores estrangeiros. Desde o passado Outono, a China bem como a OPEP cessaram todas as novas compras de bens do Tesouro americano.

Conclusão: o comportamento do Fed, que compra às molhadas as obrigações do governo americano, é por si só uma boa razão para pôr em dúvida o triplo A acordado a este país. O Fed tornou-se o maior detentor de bens do Tesouro. Vendam!

O Dr. Eberhardt Unger é um economista independente, com mais de 30 anos de experiência dos mercados e da economia. Podem encontrar as suas análises no site www.fairresearch.de

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