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23 de novembro de 2011

Notas sobre o Inquérito ao Emprego do 3º trimestre de 2011

Alguns destaques:
· 689 600 desempregados em sentido restrito (12,4%),
· desemprego jovem atinge os 30%,
· 94 300 licenciados desempregados,
· Só no último trimestre perderam-se 39 300 empregos e desde o início do ano 95 100 empregos;
· Pelo menos 30,9% dos trabalhadores por conta de outrem são precários.



1. O INE divulgou há alguns dias os dados do Inquérito ao emprego do 3º trimestre de 2011. A taxa de desemprego voltou a atingir o valor recorde de 12,4% do 1º trimestre e o nº de desempregados em sentido restrito atingiu o seu valor mais elevado de sempre, 689 600 desempregados.


2. Em sentido lato, incluindo os inactivos disponíveis e o subemprego visível, o desemprego atingiu no final do 3º trimestre 1 042 600 desempregados, ou seja, a taxa de desemprego em sentido lato é agora de 18,2%.


3. A esta taxa de desemprego de 12,4% em sentido restrito corresponde, uma taxa de desemprego das mulheres de 12,9% e dos jovens de 30,0%. São já 138 300 os jovens que fazendo parte da população activa se encontram desempregados.


4. A propósito do desemprego jovem vale a pena referir a taxa de desemprego das mulheres jovens desempregadas, que neste 3º trimestre atingiu a taxa de 32,5%, ou seja, uma em cada 3 jovens em idade activa encontra-se hoje desempregada.


5. Os trabalhadores desempregados há mais de um ano são já 356 400 e representam 51,7% do total dos desempregados em sentido restrito.


6. Os trabalhadores licenciados desempregados são 94 300, o que corresponde a uma taxa de desemprego destes trabalhadores de 9,4%, a mais elevada de sempre.


7. A esta taxa de desemprego a nível nacional de 12,4% no 3º trimestre, corresponde uma taxa de desemprego por regiões que atinge os seus valores mais elevados na região de Lisboa, com 14.6%, na região da Madeira com 14.3%, no Algarve com 13,3% e na região do Porto, com 12,7%.


8. Ao mesmo tempo que a taxa de desemprego bateu todos os seus recordes, o emprego continua a evoluir negativamente de tal forma que no final do 3º trimestre o emprego em Portugal era de 4 853 700 indivíduos, valor inferior ao registado em 2000 no 3º trimestre, que era de 5 052 800. Temos hoje menos cerca de 200 000 empregos do que no início do século.


9. Em relação ao 2º trimestre do corrente ano, o nº de empregos reduziu-se em 39 300 e em relação ao 3º trimestre do ano passado temos menos 109 900 empregos.


10. Ao mesmo tempo que o emprego se reduz, o trabalho precário atinge 1 185 900 trabalhadores, dos quais 871 900 são trabalhadores por conta de outrem. Em termos percentuais podemos dizer que 24,4% do emprego total é precário e que o nº de trabalhadores com vínculo precário representa 30,9% dos trabalhadores por conta de outrem.


11. A divulgação destes dados sobre o emprego e o desemprego coincide com a discussão na Assembleia da República do OE para 2012. A taxa de desemprego no 3º trimestre fica 0,1 pontos percentuais abaixo da estimativa que o Governo apresenta para 2011 (12,5%). Tudo leva a crer que o impacto de muitas das medidas recessivas já em vigor se farão sentir ainda mais no actual 4º trimestre fazendo subir ainda mais a taxa de desemprego em 2011.


12. Num ano (2012) em que a taxa de desemprego com grande probabilidade irá ultrapassar em sentido restrito os 13,5% e em sentido lato os 18,5%, em que os desempregados de longa duração ultrapassarão os 400 mil, dos quais mais de 250 mil desempregados estarão desempregados há mais de 2 anos, constitui um autêntico crime social, reduzir os apoios aos desempregados, reduzir os apoios sociais em mais de mil e seiscentos milhões de euros e as despesas com funções sociais em quase 3 mil milhões de euros, como o actual Governo de direita (PSD/CDS) se prepara para fazer, ao aprovar este OE para 2012, com a abstenção violenta (!) do PS.

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