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31 de maio de 2012

A UNIÃO EUROPEIA À DERIVA DOS INTERESSES RENTISTAS E ESPECULADORES

1 - Abandonar um navio que se afunda? Um plano para Sair do euro.Escreve Yannis Varoufaquis (1) – prof.de Teoria Económica na Univ. de Atenas– confessa-se defensor do salvamento do euro, porém torna-se impossível, como diz, tentar salvar uma união monetária que caminha para a autodestruição.
Quanto a nós a única discussão que importa neste momento não é se saímos: é como saímos. Andar a iludir as pessoas com frases mágicas como “mais Europa” (que Europa?), ou “federalismo” ( o quê e como?) representa a desconexão da realidade que se apossou dos teólogos do neoliberalismo europeísta, submetidos à dogmática neoliberal e aos interesses da Alemanha, “uber alles”.
A situação de crise a que chegou a zona euro – e para ela caminhava desde o início, como foi previsto pela esquerda mais consequente – mereceria que esta discussão estivesse a ser feita a nível europeu, prioritariamente entre portugueses, gregos, espanhóis, italianos, franceses, irlandeses. Mas não está. As vozes discordantes da escolástica atual são silenciadas e o espaço mediático ocupado por gente se ocupa de irrelevâncias face à questão monetária ou apareça a lançar anátemas e exorcismos sobre os que defendem as prestações sociais, tais como “demagógicos” e “populistas” – por ex. o sr. J. César das Neves hoje na TV sobre as reformas, ignorando o custo das rendas das PPP (mais de 2 700 €ano) e concessões e dos monopólios privatizados pagos pelos trabalhadores e reformados e que seguirão alegremente para fora do país a caminho de “paraísos fiscais”.
2 - A catástrofe das rendas monopolistas e da especulação finaceira
O euro prossegue a rota do desastre afundando-se, face a isto a orquestra continua a tocar, e os “entertainers” exibem fantasias, como o “federalismo” e "mais Europa".
O emérito Nobel e adepto da “economia de mercado” o sr. Stiglitz classifica a Europa de "uma catástrofe de origem humana”. (2)
E que catástrofe ! Em França, (como em Portugal, Espanha, Grécia etc.) segundo o livro de A. Peollon “Os 600 mil milhões que faltam à França” (3), saem do país 30 a 40 mil milhões de euros por ano que deveriam pagar impostos e ser investidos, neste caso, em França. Porém o que preocupa as almas piedosas como o sr. J. César das Neves é que idosos se reformem e vão para casa “sem fazer nada” – em vez de morrer cedo, certamente. Claro que apontar o escândalo das PPP, das EDP, Galp, ou outros mono e oligopólios ou dos paraísos fiscais, é “demagogia”e “populismo”.
A austeridade que vai levando os países de crise em crise, de recessão em recessão, são “reformas” favoráveis aos mercados, a que importa "dar confiança" para continuarem a explorar quem trabalha e na jogatana da especulação com a s dívidas particulares e públicas.
Portugal está hoje como a Grécia há cerca de um ano, a Espanha como Portugal idem, a Itália vai pelo mesmo caminho; dos países do Leste e Bálticos nem se fala, no horizonte perfila-se a Bélgica e a – quem diria – a França que cairá quando os vizinhos caírem. Quanto á Irlanda – "queremos ser como a Irlanda" dizia o sr. primeiro-ministro, o que mostra bem o nível de governantes que com que o povo vai sendo enganado – neste momento paga juros superiores ao da Espanha!
E esta hein! – como diria o sr. Fernando Pessa.
Bem, eis então a minha modesta contribuição para o início da discussão sobre o euro: parece-me que as coisas terão de começar por decidir sobre se quer que os Estados controlem a finança e acabe com os processos de especulação ou se quere que a finança – como atualmente – continue a destruir a economia, os países, a Europa.
Neste momento, todas as discussões andam à volta disto e querer ignora-lo é fazer como os escolásticos de Bizâncio antes da queda, cercados pelos turcos que discutiam – segundo se diz - acaloradamente “o sexo dos anjos”.
1 – Em “Ascensão e Queda do Euro” Ed. Chiado – autores vários, coordenação de Jorge Figueiredo – p.143. trata-se de um livro incontornável sobre a problemática que deveria a discussão prioritária junto da opinião pública.
3 - www.legrandsoir.info - Caleb Irri - 11 mai 2012 - Jusqu’où iront-ils pour sauver les paradis fiscaux ? http://calebirri.unblog.frURL de cet article 16642 http://www.legrandsoir.info/jusqu-ou-iront-ils-pour-sauver-les-paradis-fiscaux.html

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