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30 de julho de 2013

SÍRIA: mais uma nódoa no jornalismo atual

Durante a ditadura a maioria dos jornalistas comportou-se com grande dignidade apesar da censura e das permanentes ameaças políticas. Hoje, lamentavelmente é preciso uma lupa para encontrar um ou uma jornalista que não se coloque como ativa defensora do sistema monopolista e financeiro, ou seja, do neoliberalismo e do imperialismo, mesmo quando criticam o governo. (ver “O criticismo reacionário”, http://www.odiario.info/?p=2945 )
As manchetes dos jornais de hoje todos iguais salientando que a ADSE será mantida para os funcionários que rescindam contrato, mostra a que ponto se chegou. A ditadura fascista não fazia melhor! Nas notícias sobre política internacional então atingiram-se foros de escândalo.
Desde há alguns tempos a Síria praticamente desapareceu dos noticiários. Durante mais de um ano quase que diariamente eram referidos massacres, sempre atribuídos ao governo. Quando as coisas começaram a ficar por demais evidentes que não era assim, essas notícias eram dadas sem indicação de responsáveis, porém atendendo à propaganda anterior o comum das pessoas continuava a atribuir ao governo essas ocorrências. É o conhecido “reflexo de Pavlov”…
Fontes independentes, mesmo de religiosas católicas, no interior eram ignoradas e a propaganda de organismos financiados pelas potências ocidentais, assumida sem contraditório como verdade oficial e absoluta.
Recentemente o Daily Mail revelava: “numa base secreta na Jordânia forças especiais dos EUA treinam rebeldes Sírios. Armas do ocidente são enviadas para a Síria via Jordânia e 8 000 militares estão envolvidos na operação “Eager Lion” em preparação. (1)
A 24 de julho o The Daily Telegraph revelava que centenas de homens que tinham tomado armas contra o presidente estavam a passar para o lado do governo, aceitando a amnistia oferecida pelo regime. O governo criou entretanto o “ministério da reconciliação” para dar oportunidade a antigos opositores de deporem as armas e defender a Síria através do diálogo. (2)
Não podemos esquecer que houve antes da luta armada manifestações de pacíficas (ou tidas como tal) reprimidas com brutalidade. Porém, será que a polícia nos países ocidentais não reprime com violência manifestações, seja nos EUA, no Reino Unido (incluindo a Irlanda do Norte), na Espanha, na Grécia ou na Itália? Isto sem falar de “democráticos” “países amigos” como a Colômbia, Chile, Peru, Tunísia, Marrocos, etc., ou do terrorismo de estado de Israel?
Como refere Chris Hedges (3) em “A morte da verdade”, o jornalismo tradicional não entende que quando o poder tiver acabado com Bradley Manning, Julian Assange e o Wikileakes (e Edward Snowden acrescentamos) será a sua vez.

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