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30 de julho de 2013

SÍRIA: mais uma nódoa no jornalismo atual

Durante a ditadura a maioria dos jornalistas comportou-se com grande dignidade apesar da censura e das permanentes ameaças políticas. Hoje, lamentavelmente é preciso uma lupa para encontrar um ou uma jornalista que não se coloque como ativa defensora do sistema monopolista e financeiro, ou seja, do neoliberalismo e do imperialismo, mesmo quando criticam o governo. (ver “O criticismo reacionário”, http://www.odiario.info/?p=2945 )
As manchetes dos jornais de hoje todos iguais salientando que a ADSE será mantida para os funcionários que rescindam contrato, mostra a que ponto se chegou. A ditadura fascista não fazia melhor! Nas notícias sobre política internacional então atingiram-se foros de escândalo.
Desde há alguns tempos a Síria praticamente desapareceu dos noticiários. Durante mais de um ano quase que diariamente eram referidos massacres, sempre atribuídos ao governo. Quando as coisas começaram a ficar por demais evidentes que não era assim, essas notícias eram dadas sem indicação de responsáveis, porém atendendo à propaganda anterior o comum das pessoas continuava a atribuir ao governo essas ocorrências. É o conhecido “reflexo de Pavlov”…
Fontes independentes, mesmo de religiosas católicas, no interior eram ignoradas e a propaganda de organismos financiados pelas potências ocidentais, assumida sem contraditório como verdade oficial e absoluta.
Recentemente o Daily Mail revelava: “numa base secreta na Jordânia forças especiais dos EUA treinam rebeldes Sírios. Armas do ocidente são enviadas para a Síria via Jordânia e 8 000 militares estão envolvidos na operação “Eager Lion” em preparação. (1)
A 24 de julho o The Daily Telegraph revelava que centenas de homens que tinham tomado armas contra o presidente estavam a passar para o lado do governo, aceitando a amnistia oferecida pelo regime. O governo criou entretanto o “ministério da reconciliação” para dar oportunidade a antigos opositores de deporem as armas e defender a Síria através do diálogo. (2)
Não podemos esquecer que houve antes da luta armada manifestações de pacíficas (ou tidas como tal) reprimidas com brutalidade. Porém, será que a polícia nos países ocidentais não reprime com violência manifestações, seja nos EUA, no Reino Unido (incluindo a Irlanda do Norte), na Espanha, na Grécia ou na Itália? Isto sem falar de “democráticos” “países amigos” como a Colômbia, Chile, Peru, Tunísia, Marrocos, etc., ou do terrorismo de estado de Israel?
Como refere Chris Hedges (3) em “A morte da verdade”, o jornalismo tradicional não entende que quando o poder tiver acabado com Bradley Manning, Julian Assange e o Wikileakes (e Edward Snowden acrescentamos) será a sua vez.

28 de julho de 2013

Os contribuintes-isto é os trabalhadores que paguem a crise

Com a devida vénia .
Enviado por Humberto .

1º video


AGORA FICA MAIS CLARO PORQUE A EDP CONTRATOU VÁRIOS EX MINISTROS E LHES PAGA MILHÕES DE EUROS POR ANO?
AGORA JÁ SABEM PORQUE TANTOS JOTINHAS LUTAM PARA CHEGAR AO POLEIRO?
Veja este video... onde o Secretário de Estado da Energia demitido, acha que as rendas da EDP são ilegítimas, e ilegais. A Troika mandou cortar as rendas. Mas até a troika cedeu e desistiu.
O cenário já vinha do anterior governo, pois foram eles que atribuíram as rendas excessivas à EDP.
Todos sabem que as rendas são abusivas.
Para o entrevistado, o Ministro Álvaro Santos Pereira, é um homem sério e competente, e não foi o ministério da economia, que cedeu ao loby da EDP. Ele próprio, o entrevistado, também quis enfrentar a EDP, mas teve que se demitir.
Isto é um escândalo. Os portugueses têm que perceber que isto é o cumulo, o próprio governo trava quem tenta defender o interesse nacional. Os portugueses têm que deixar de viver na ignorância, é urgente que todos estejam informados, alertas.

O PS foi quem criou as rendas excessivas da EDP:  "O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, disse no Parlamento que "é muito interessante que o Partido Socialista esteja preocupado com as rendas excessivas [no sector eléctrico], que foram criadas por um Governo que, por acaso, foi? do Partido Socialista". fonte

2º video (3 minutos)

Neste segundo video Henrique Gomes revela que o relatório de interesse nacional sobre os cortes que deveriam ser feitos à EDP, foi desviado por alguém e 1 hora depois de estar feito, já estava nas mãos da EDP.
O relatório denunciava que os portugueses irão pagar 4 mil milhões de rendas excessivas à EDP. Os cortes foram impedidos de avançar pela EDP, o ministério das finanças opôs-se, ao ministério da economia, e Passos Coelho "afastou-se". As finanças foram determinantes no processo, ou seja, Vitor Gaspar, foi quem não apoiou ou permitiu que este senhor, defendesse o interesse nacional.
Afirma ainda que o governo para embolsar 250 milhões a mais nas privatizações, acabou por obrigar os portugueses a pagar 4 mil milhões à EDP... a EDP sabe negociar muito bem. O governo sabe trair muito bem?


3º video (4 minutos)


Neste video, Álvaro Santos Pereira conta como a EDP festejou, o facto de ter vencido a batalha contra os portugueses e contra o ministério da economia. O relatório do ME foi desviado por alguém e 1 hora depois de estar feito, já estava nas mãos da EDP.
O entrevistado conta ainda que o ministro não queria que se fizesse um determinado discurso onde se fazia referencia ás das ditas rendas e aos valores, situação que foi a gota de água para a demissão de Henrique Gomes. (O Governo devia querer ocultar aos portugueses o saque da EDP.)


Ainda nesta mesma entrevista, denuncia-se que a EDP obriga os portugueses a financiar electricidade aos espanhóis... aos milhões!!?? No final do video, fica a explicação do porquê a EDP deter tanto poder no governo, a EDP é um descarado albergue de Boys de vários partidos.  
Veja aqui o video... 
Por último, a parte do video onde se denunciam os lucros abusivos da EDP.

"Venda da última participação do Estado na EDP "foi um sucesso" Diz Mexia - Um sucesso para quem?????
"O preço de venda dos 4,144% da EDP é cerca de um terço mais baixo do que a Parpública pagou aos investidores obrigacionistas em dezembro, que foi de 6,7 euros por ação e com um desconto de 2,97% em relação à cotação da última sessão." by tvi 24
António Mexia afirmou que "foi bom ver [a reprivatização] resolvida em duas horas ao fim de 15 anos".
O presidente da EDP, António Mexia, afirmou hoje que a operação de venda da última participação do Estado na eléctrica foi "um sucesso", considerando que foi bom ver [a reprivatização] resolvida em duas horas ao fim de 15 anos".
No dia em que as acções correspondentes a 4,14% do capital da EDP, vendidas na quinta-feira pela Parpública, foram admitidas em bolsa, António Mexia garantiu que nada vai mudar na eléctrica.

"Nada muda, mas é importante que ao fim de 15 anos tenhamos a consciência que hoje a EDP passou a ser uma empresa 100% privada, com a saída do Estado", declarou o presidente da eléctrica, na cerimónia de admissão das acções na NYSE Euronext Lisbon.
Em declarações aos jornalistas, António Mexia defendeu que "a operação foi um sucesso", uma vez que "a procura foi mais do dobro do que a oferta e o desconto foi inferior à média ibérica e também europeia".
A Parpública, empresa que gere as participações do Estado, vendeu na passada quinta-feira as últimas acções detidas na EDP, num total de 4,144% do capital social da eléctrica, por 2,35 euros por acção, com um encaixe de 356 milhões de euros.
António Mexia desvalorizou o impacto da saída definitiva do Estado da eléctrica, considerando que "era essencialmente um accionista financeiro", reafirmando que "nada muda" na eléctrica. fonte
1.       -Da politica para a EDP.
2.      -PS ajuda a EDP
3.      EDP e o Moedas
8.      Porquê Boys?
9.      O esbanjamento

EDP SAQUE DESCARADO AO CONSUMIDOR

Os contribuintes que paguem a crise-isto é os trabalhadores !

26 de julho de 2013

A «Reforma» do IRC

Governo apresenta reforma do IRC

O Expresso - 26 de Julho de 2013 - antecipa as principais alterações que António Lobo Xavier apresentará sexta-feira no Ministério das Finanças relativas ao IRC e que deverão entrar em vigor em 2014. 

Tudo muito lógico, linear mas também cada vez mais irracional... 
Pelos vistos o «nosso» (des)governo resolveu entrar «a sério» (?...) na guerra da competitividade fiscal - e suícidio colectivo dos Estados-nações.
É uma espécie de corrida para o abismo como naquela estória mítica dos lemingues que em rebanho, uns atrás dos outros, se lançam para a morte certa de um abismo intransponível.
Assim vão os governantes dos cada vez mais Estados-nações que entendem que a melhor forma de «atrair o investimento estrangeiro» é a redução sistemática dos impostos tipo IRC. Os grandes accionistas e executivos de topo das grandes empresas transnacionais, agradecem e vão dando umas migalhas aos serventuários de serviço.
E os residentes - pessoas individuais e PMEs - em cada país que paguem a factura dos encargos com o funcionamento de um Estado minimamente civilizado.
Um ponto que importa lembrar é o de que as garndes empresas (em particular as de muito maior dimensão ou aquelas que alcançam um estatuto adequado) se tornam multinacionais basicamente para poderem beneficiar do vazio regulador e/ou legislativo que resulta dos interstícios entre os Estados-nações.
O «investimento directo estrangeiro», mesmo na melhor das hipóteses de INVESTIMENTO em novos empreendimentos, para a produção de bens e serviços úteis à sociedade, mesmo nessas cricunstâncias, o mais das vezes acabará por procurar aproveitar a tal guerra da «competitividade fiscal».
Trata-se, claramente da mais moderna e sofisticada expressão da clássica «luta de classes». Menos de dois por mil da população mundial – a classe dos muito ricos (cerca de 13 milhões de milionários) - contra o resto da humanidade, em particular os trabalhadores por conta de outrem...
Com os «apenas moderamante ricos» ansiando por alcançar aquele abençoado estatuto de milionários. 








Os trabalhadores e os povos continuam a pagar o desendividamento da banca

Em benefício dos Banqueiros :
a traduzir.


L’actualité de demain : ATTENTION, BANQUES ! par François Leclerc

25 JUILLET 2013 par FRANÇOIS LECLERC | Print L’actualité de demain : ATTENTION, BANQUES ! par François Leclerc
Billet invité
Une étude de Royal Bank of Scotland (RBS) vient de donner la mesure du désendettement à venir des banques de la zone euro et de ses conséquences. Selon celle-ci, elles devraient encore réduire leurs bilans de 2.700 milliards d’euros, après l’avoir dernièrement fait de 2.400 milliards selon la BCE. Le total des actifs des banques de la zone étant de 33.000 milliards d’euros, soit trois fois et demi le PIB de la zone, l’objectif serait de modestement le ramener à un facteur trois (aux États-Unis, il est de un). Le système bancaire européen a atteint une taille telle qu’il ne peut plus être renfloué par les États, ce qui explique le mystère entourant son état réel et donne une autre dimension à une crise européenne déjà caractérisée par le mélange détonnant de la dette privée et publique. L’Europe est la grande malade du capitalisme financier. Ce ne sont pas tant les États qui y vivent au dessus de leurs moyens que les banques qui dépassent les leurs !
Excluant des renforcements de leurs fonds propres qui diminueraient encore un rendement fortement à la baisse – les investisseurs ne se précipitant pas devant le risque d’être mis à contribution lors d’un éventuel sauvetage – les banques font le choix de diminuer la taille de leur bilan pour respecter les ratios de Bâle III. D’autant qu’il va falloir donner un semblant de vraisemblance à l’examen de la valorisation de leurs actifs qui s’engage, ce qui impliquera de reconnaître partiellement des pertes auparavant masquées. Optimiser la taille du bilan, c’est aussi durcir les conditions de crédit afin de restreindre sa distribution, tel que la BCE vient une nouvelle fois de le constater à la faveur de sa dernière enquête auprès des banques, accentuant lafragmentation financière au sein de la zone euro entre pays périphériques et centraux.
Le système bancaire apporte sa contribution à la détérioration de la situation économique européenne afin de respecter à sa manière ses obligations réglementaires. Au Royaume-Uni, cela conduit le ministre du commerce, Vincent Cable, à s’emporter contre les « talibans du capital au sein de la Banque d’Angleterre [qui] sont en train d’imposer des restrictions, alors que nous sommes à une étape délicate de la reprise ». Le choix serait, si on le suit bien, entre renforcer le système financier et abandonner la relance, ou favoriser celle-ci mais advienne que pourra !
Ils ne sont pas sérieux : les miasmes de la crise financière n’ont pas fini de faire sentir leurs effets et l’on voudrait parler de relance !

24 de julho de 2013

A Traição da Social-Democracia

Se bem me lembro da história dos últimos dois séculos, a «coisa» terá começado com o revisionismo de Kautsky e Bernstein. Este último terá ficado algo famoso pela sua tese de que «o importante mesmo era o movimento»... Entretanto não especificava bem claramente qual era a direcção do caminho a seguir, pois que aquilo que para ele parecia ser mesmo importante era «ir andando»... A este respeito, suspeito que o poeta andaluz António Machado não devia apreciar muito a proximidade verbal com as estrofes do seu famoso poema «Caminhante, são teus rastos o caminho, e nada mais; caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar».
Durante umas décadas, a seguir à Revolução de Outubro, a social-democracia europeia parecia querer seguir uma via alternativa para se chegar ao Socialismo, meta histórica almejada por todos os progresistas. No que diz respeito ao mundo de língua inglesa, o contributo de Keynes veio dar algum fôlego ou alento às correntes social-democratas, através das suas ligações às sociedades fabianas da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Sendo que as sociedades fabianas se propunham chegar ao socialismo por via de um atrito e desgaste (moral e físico) planeado, do sistema capitalista1 e foi assim que o período dos «trinta gloriosos» anos da reconstrução do pós-segunda guerra mundial, viu emergir muitas das ideias keynesianas da construção de um Estado de Bem Estar Social.
Os herdeiros políticos de Kautsky e Bernstein pareciam «dar-se por satisfeitos» e continuavam a fazer a sua «caminhada» (o «movimento», sempre o «movimento»...) sem, pelos vistos, terem uma noção exacta de para onde é que queriam caminhar. Pareciam assim limitar-se a «administrar o capitalismo» melhor – julgavam eles – do que os próprios capitalistas.
Mas muitos destes – os donos efectivos do Capital – conhecem naturalmente muito melhor do que os «sociais-democratas» qual a lógica de funcionamento do sistema capitalista. E deram-se conta de que a dinâmica histórica não iria deter-se numa «gestão humana, mais justa e racional» do sistema. A dinâmica histórica, com uma permanente evolução sistémica (mais tecnologia, menos tempo de trabalho, mais tempo livre para pensar...) poderia acabar por conduzir a uma maior consciencialização das massas trabalhadoras – entretanto cada vez mais qualificadas («teconologia «oblige»...). Tudo isso um pouco por todo o mundo mas a começar principalmente nos países «mais avançados». Ao mesmo tempo que conduziria – inevitavelmente – a uma continuada desvalorização do Capital e a um esgotamento progressivo da fonte de «valor acrescido»: menos trabalho humano vivo. 
Dir-se-ia aqui, com ironia quanto baste, que alguns dos donos do Capital poderiam ter sido leitores e estudiosos atentos do «Das Kapital» de Karl Marx...
Ainda que de uma forma algo enviesada, o primeiro dos grandes (ou melhor, o mais ilustre...) dos continuadores de Kautsky e Bernstein – enquanto «soi disant» social-democratas – terá sido J.M.Keynes. Este recuperou o problema fundamental da Economia Política clássica: o problema da procura efectiva; quem é que consome o produto excedente que não seja aplicado em novos investimentos. Foi também a altura da «criação destrutiva» de Schumpeter e da classe do lazer de Thorstein Veblen. Na realidade nem esta classe do lazer, nem a tal «criação destrutiva» foram suficientes para absorver (ou eliminar...) os excedentes das crises de sobreprodução. Para isso, e para resolver o problema do desemprego sistémico daí resultante foram necessárias duas guerras mundiais. Há quem lhes chame a «guerra dos trinta anos do século XX».
Ao longo das décadas de meados do século XX – entre os anos Trinta e os anos Setenta, mais coisa menos coisa – apareceram alguns contributos interessantes tentando «salvar o que pudesse ser salvo» de alguns desvios e devaneios da social-democracia. Desde o «conformismo» de Schumpeter perante aquilo que ele considerava a inevitabilidade do socialismo por via do crescimento das grandes corporações empresariais e respectivas burocracias planificadoras do desenvolvimento capitalista, até ao «Novo Estado Industrial» (com a sua tecnoestrutura) de J.K. Galbraith, passando pelas múltiplas revisões e revisitações da obra de Marx (procurando «ajustá-la às "novas realidades"»...) houve de tudo um pouco.
E no meio da confusão social-democrata e reformista das «terceira vias», Hayek e a Sociedade do Monte Pélérin foram lenta e paulatinamente lançando as bases sólidas de um ataque coeso e firme a tudo quanto «cheirasse» a socialismo. Mesmo que se tratasse apenas de vagos odores «socialo-democratas». Nasceu assim o famigerado neoliberalismo e a sua consolidação como sistema único de pensar a economia.
A chamada «social-democracia» e os seus partidos representativos «adormeceram na forma», «meteram o socialismo na gaveta, cederam alegremente ao canto da sereia de um «capitalismo para todos» e os resultados dessa experiência social numa espécie de laboratório planetário, longa já de mais de três décadas, estão hoje bem à vista de quem tenha olhos para ver...
Nunca foi tão urgente estudar (e compreender mesmo) a lógica detalhada em «Das Kapital».
1Lembro que o nome «Sociedade Fabiana» fora escolhido em honra ao general romano Quinto Fábio Maximo que tinha contribuído para a derrota final do general cartaginês Hanibal, justamente pelo uso sistemático da estratégia do desgaste e de guerrilha permanente, em vez de batalhas de confrontação directa. Por outro lado, alguns dos fabianos mais conhecidos – Bernard Shaw é o caso mais saliente – não deixaram de admirar o «socialismo» de Mussolini e de Hitler... É o que pode acontecer – e acontece naturalmente - quando às «boas intenções» de «justiça social anti-capitalista» não se junta uma sólida base teórica sobre os fundamentos do sistema capitalista.

CARMONA, CAVACO E A “SALVAÇÃO NACIONAL”

Carmona foi PR entre 1926 e 1951, a propaganda fascista fazia dele uma personagem bondosa, um simpático e inofensivo “corta fitas” fazendo festinhas às crianças. Esta imagem é falsa. Carmona tornou-se de facto um adorno do salazarismo, depois de ter colocado Salazar no poder absoluto e ser instaurado o fascismo.
O papel de Carmona foi o de um exemplar intriguista, eliminando a contestação republicana e simples vestígios de democracia até a ditadura ser implantada com o apoio da oligarquia monopolista e latifundiária e da hierarquia católica.
Carmona, surge incontestado após serem eliminados os outros elementos do golpe de direita de 1926 (Mendes Cabeçadas e Gomes da Costa). Conseguiu, mesmo através de intensa contestação popular e militar republicana, unir as direitas à volta de um programa fascista mascarado de nacionalismo e tradição: Deus, assente na superstição e ignorância popular; Pátria, entregue à oligarquia nacional e estrangeira com o povo submetido a cruel repressão; Família, oprimida na pobreza, miséria, tuberculose e alcoolismo. A propaganda fascista chamava a isto: “Caminhando para uma vida melhor”.
Cavaco e a sua “Salvação Nacional” foi uma tentativa de comprometer o PS numa política dominada pela direita, válida para quem quer que governasse. Cavaco pretendia eleições tal como no salazarismo após a II Guerra Mundial: havia eleições, mas não escolha de alternativas políticas.
Criava-se assim um sucedâneo da União Nacional salazarista ou da ANP marcelista. As políticas estavam à partida definidas na agenda de Cavaco – na submissão total à troika e aos mercados sempre em nome do “superior interesse nacional”. A comunicação social controlada se encarregaria de garantir que não houvesse desvios.
A forma como a direita convive mal com a democracia expressa-se nestas palavras de P. Coelho a 18 de julho perante jornalistas, no Conselho nacional do PSD: “Não há coisa mais incerta que as eleições, se não tivermos cuidado a lidar com este tópico específico, podemos estar a criar condições de incerteza que acabem por comprometer os esforços que queremos realizar de (sic) regressar aos mercados com confiança dos investidores”.
O entendimento entre Cavaco e P. Coelho é neste "tópico"total e Cavaco lança mais uma acha para a fogueira do populismo antidemocrático ao dizer: “os portugueses tirarão as suas ilações sobre os agentes políticos se não houver acordo”.
A jornalista Maria Avilez dizia na SIC Notícias (23/07) perante um embevecido M. Crespo (sempre pronto a interromper ou fazer o contraditório a quem se afaste da linha oficial da direita) “uma enorme, uma esmagadora maioria do país, talvez 98% querer o acordo que o PR falou”. Quer dizer: PCP, BE, parte significativa do PS são 2% ou já não contam como portugueses.

A Diferença entre Carmona e Cavaco é que o primeiro foi PR da “Ditadura Militar”, depois “Ditadura Nacional”, resultante do golpe militar de direita de 1926. Cavaco é PR de um regime saído de uma Revolução que derrubou o fascismo e dispõe de uma avançada Constituição democrática. Ao contrário dos passados anos 20 e 30 hoje existe um movimento sindical forte e bem estruturado, um movimento popular determinado e, o que mais lhes custa, um PCP unido e fortalecido.

19 de julho de 2013

Uma carta que diz muito...








Olhando para a composição do chamado Conselho Geral de Supervisão da EDP com figuras cimeiras dos partidos do arco da corrupção, perdão,da governação percebe-se logo porque é que as rendas excessivas são intocáveis e porque é que o preço da electrecidade é tão barato!!!











CARTA A JOSÉ GOMES FERREIRA 
06MAI13 
Assunto: “rendas excessivas” em sectores protegidos e entrevistas do Ministro da Economia e Emprego Álvaro Santos Pereira e do ex-secretário de Estado da Energia Henrique Gomes 

Caro José Gomes Ferreira 
Ao visionar duas entrevistas recentes na SIC Notícias, com o Ministro da Economia e Emprego (23ABR13) e com o ex-secretário de Estado da Energia Henrique Gomes (24ABR13) lembrei anteriores declarações suas, entrevistado a 25 de Março, na Edição da Tarde do SIC Notícias, sobre a captura de “rendas excessivas” por determinados sectores económicos, e que na altura, me susciptou a ideia de lhe escrever. Não o fiz então, faço-o agora, no contexto da mesma matéria reavivada pelas referidas entrevistas. 
Valorizando o conjunto das denúncias feitas nas entrevistas, pela sua real importância para a generalidade dos portugueses, consumidores domésticos, e para a competitividade das empresas portuguesas, permita-me tecer algumas considerações e fazer alguns possíveis esclarecimentos. 
De forma veemente, o JG Ferreira pronuncia-se contra as “rendas excessivas” capturadas por alguns sectores económicos/empresas, ditos produtores de bens e serviços não transacionáveis, e os grupos financeiros portugueses como os principais destinatários finais dessas “rendas”. “O último beneficiário é o sector financeiro”, diz e bem o JG Ferreira. Mas há afirmações suas que me merecem alguns comentários. 
Repara JG Ferreira, que o conhecimento de tais “rendas excessivas” se verificou com o Programa da Troika. “A Troika chegou e viu”! Que ninguém fez ou tinha feito nada sobre o assunto. “Tudo isto acontece e o país assiste impávido e sereno”. Que a excepção é o Ministro Álvaro Santos Pereira, que por isso mesmo “os lóbis querem deitar abaixo”. Que em vez da liberalização, o necessário era “tabelar o preço” e dizer-lhes, “vendem abaixo desta tabela”. Que há um responsável de uma dessas empresas que diz, como o “consumo está a cair” o “preço tem de subir”. E ninguém o contraria”! Para respeitar a “Lei da concorrência” “estamos a prejudicar os consumidores”. Nos combustíveis “lowcost” “ninguém deixa instalar estas bombas”.Etcetc, etc. (Possíveis erros na transcrição das citações!) 
Ora a história destes assuntos, nomeadamente em matéria de electricidade, gás natural e combustíveis, não é bem assim! Talvez não se tenha dado por ele, com a ideia de que o PCP, é uma histórica aldeia gaulesa irredutível, mas não tem grande importância! O que é certo, é que todas estas questões e problemas, foram ao longo dos últimos anos muitas e muitas vezes denunciadas pelo PCP. Que não se limitou às denúncias, mas apresentou soluções! Houve de facto muita gente distraída! Mas não foi o PCP. Numa Audição Parlamentar após a sua demissão, o Engº Henrique Gomes, referiu que aqueles sectores e aquelas empresas têm um enorme poder sobre os órgãos de comunicação social (e não só, digo eu, e dirá, também, certamente o J G Ferreira!)Daí uma enorme cortina de silêncio, que continua até hoje, e até se adensa…sobre estas questões e o PCP!       
Andou muita gente distraída sobre as denúncias e intervenções do PCP sobre o assunto. Para não maçar muito, e sem ir muito atrás, algumas breves lembranças. 
No já longínquo ano de 2006, intervindo na Assembleia da República (AR) a 17 de Dezembro, sobre o aumento dos preços de venda de electricidade, referimos os vícios genéticos/estruturais desses preços como resultado da “remuneração da produção vinculada no âmbito dos CAE, o excesso de produção térmica, o preço da electricidade paga na cogeração, o preço da electricidade produzida por via lica, entre outros”. Quantas vezes referimos as consequências da segmentação (o dito, “unbundling”)numa das reestruturações da EDP, entre a produção e a distribuição, liquidando a perequação de custos que havia ao longo da cadeia de valor do sistema e “inventando” em consequência o “Défice Tarifário” e os custos do acesso à Rede.

Ou o caso absolutamente extraordinário, entre as empresas portuguesas, da justificação da ERSE da subida desses custos (acesso às redes), porque havia redução de consumo não é apenas o empresário, citado por JG Ferreira! (A ERSE, diz o mesmo por exemplo para o abastecimento do GN: “Deste modo, o menor consumo de gás natural perspetivado para o próximo ano gás, face ao considerado nas tarifas atualmente em vigor, resulta num aumento dos custos unitários do acesso” (Comunicado da ERSE de 15JUN12) E tudo isto acontecia, enquanto a EDP, ia somando lucros anuais (desde 2005) superiores a mil milhões de euros! Já posteriormente, quantas vezes denunciamos o escândalo da garantia de potência, oferecida pelos Governos PS aos grandes electroprodutores (66,6 milhões em 2011!? Ou os escandalosos mais de 24 milhões de euros anuais, pagos na factura de electricidade de cada cidadão, de rendas das terras das barragens – expropriadas há décadas pelo Salazar a preços de miséria a muitos pequenos agricultores! (De 2010 para 2011 estas rendas passaram de 13, 406 para 24, 205 milhões, porque uma Portaria (542/2010 de 21 de Julho) passou o indexante de actualização do IPC para uma taxa swap (por onde andava já este bicho!!!)interbancária acrescida de meio ponto percentual!) 
E sobre os preços dos combustíveis, onde as rendas excessivas” estão muito mais bem disfarçadas, quantas vezes questionou o PCP sucessivos ministros da economia e secretários de estado da energia, e a Autoridade da Concorrência (e até a Comissão Europeia por escrito e o Comissário da Concorrência Almunia oralmente), relativamente a uma questão que o JG Ferreira levanta! O facto dos preços em Portugal antes de impostos, serem mais elevados do que na generalidade dos países da União Europeia, decorrente dos diferenciais adicionados aos índices Platts de Roterdão (referência para Portugal), serem maiores no nosso país! O que ninguém percebe, excepto a AdC, que o justifica pela posição periférica do País!!! Mas como, se os combustíveis consumidos cá, são produzidos, em geral, cá? AdC com uma também extraordinária, concepção do funcionamento do mercado grossista dos combustíveis líquidos…como é verificável num dos seus Relatórios sobre o assunto. Ou porque razão, o País não criou uma efectiva concorrência aos combustíveis líquidos, pelo uso do GN comprimido (GNC) e GN Liquefeito (GNL), e expansão do uso do GPL, no transporte rodoviário, com o estabelecimento de redes nacionais de abastecimento de GNC e GNL, e alargamento da rede já existente de GPL! (Anote-se: uma recente Comunicação da CE (COM(2013) 17 final) e uma consequente Proposta de Directiva comunitária (COM(2013) 18 final), avançam exactamente nesta direcçãoE questionar porque razão sucessivas maiorias PS, PSD e CDS chumbaram (três ou quatro vezes) o projecto de lei do PCP para a criação da rede nacional de GNC! E quantas vezes reclamamos da dita rede combustíveis lowcost, de que se fala há anos? 
E a pergunta a que nenhum ministro respondeu (nem a AdC, que considerava que nas suas investigações, não tinha que analisar os lucros das empresas, apesar de confrontada com evidentes lucros de monopólio!) porque razão se multiplicaram por 5 os lucros da GALP quando por decisão do Governo PSD/CDS, foram liberalizados a partir de 1 de Janeiro de 2004, os preços dos combustíveis líquidos! De uma média de lucros anuais (depois de impostos) entre 2000/2003 de 138,8 milhões de euros, a GALP teve entre 2004 e 2011, uma média de 667,8 milhões de euros! 
Quantas vezes, apresentamos projectos de resolução (PJR), com recomendações aos governos, visando atenuar, reduzir, eliminar essas rendas. Para não o sobrecarregar com informação excessiva, veja, por exemplo, o PJR 449/XII/2ª (Preços de Energia compatíveis com o poder de compra dos portugueses e a produtividade da economia nacional), e os PJR 277/XII/1ª (Preços máximos nos combustíveis, travar a especulação  e PJR 343/XII/ (Uma estratégia para a promoção de combustíveis alternativos na mobilidade rodoviáriajá com o actual Governo e maioria PSD/CDS! (documentos anexados).  
E quantas vezes, foram chumbados pelo PS, PSD e CDS, os requerimentos do GP do PCP, para que fossem ouvidos os responsáveis da EDP e GALP sobre a origem dos (super)lucros das suas empresas? Muitas vezes! Com o registo, de que alguns colegas jornalistas do JG Ferreira, apodavam tais tentativas do PCP, de esclarecer as “rendas excessivas”, como atitudes demagógicas! 
Quem tiver dúvidas sobre o que afirmamos, pode retirá-las facilmente, pela leitura da intervenção do PCP sobre a matéria, acessível e disponível na página da NET da Assembleia da República. Vantagens das novas tecnologias…  
Caro JG Ferreira 
Estes problemas são de facto há muito conhecidos e denunciados pelo PCP. Eles têm como raiz principal (mas não única) a privatização de grandes empresas públicas de bens e serviços essenciais, em sectores de bens não transacionáveis (BnT), muitas vezes monopólios públicos, transformando-as em monopólios (se quiser, em oligopólios, com uma empresa dominante) privados. Associando processos de reestruturação, como o referido para a EDP, e a (aparente) liberalização dos respectivos mercados. 
Aliás, a predação dos sectores de BnT sobre os sectores de bens transacionáveis (BT) (empresas exportadoras, PME da indústria, agricultura, pescas) até está calculada. No livro “O Nó Cego da Economia”, Vitor Bento, aponta um valor equivalente a 15% do PIB entre 1990 e 2010! Questão que várias vezes levantei nos debates travados na AR! É fácil perceber a enorme “fraude” e mistificação, com que tantos, tantas vezes abordam o problema da competitividade da economia portuguesa, sem qualquer referência a esta predação!    
E a montagem (desmantelando outras estruturas públicas) de custosas entidades ditas reguladoras, como a prática evidencia não regulam nada…Alguém, já se interrogou (agora que se está novamente a legislar na AR sobre as ditas entidades) porque razão a ERSE não viu, não descobriu, não detectou, ao longo de anos de actividade, os 4 mil milhões de euros de rendas excessivas, que o Estudo externo mandado fazer a pedido da Troika, calculou?! 
Mas é evidente, que as ditas entidades reguladoras não se libertam das teias/malhas (teóricas/neoliberais, relações de poder, promiscuidade política) da estrutura monopolista do sector de BnT! Nem os governos. Como muito bem diz o JG Ferreira, “enquanto o governo não disser assim: quem manda no país não são meia dúzia de banqueiros e os presidentes das grandes empresas que estão no PSI 20, na Bolsa, quem manda no país não são eles, isto não muda”!  
E não vai mudar, porque os que estão neste governo, como nos anteriores são os “paus mandados” dos mandantes, a tal “meia dúzia de banqueiros e os presidentes das grandes empresas que estão no PSI 20”! 
E o Ministro Álvaro, pese a sua farronca, não é melhor que os outros. Faz é um esforço para passar por entre os pingos da chuva…É fácil ver (um dos rapazes da Troika sinalizou-o recentemente), em matéria de rendas excessivas quase tudo continua como dantes, quartel-general em Abrantes! Na energia eléctrica, o corte de 1800 milhões (menos de 50% das rendas excessivas calculadas por entidade externa!) que era para ser feito até 2020, já foi alisado para lá dessa data até 2030, ou seja até 2020 o corte fica em 1 200 milhões. Se quiser um Balanço recente sobre a matéria, é ler o recente Estudo de Eugénio Rosa “Rendas (lucros) excessivas da EDP…” de 02MAI13 em www.eugeniorosa.com!    
E porque na sua entrevista se falou da nova Lei da Concorrência, uma das ditas reformas estruturais de que se gaba o Ministro A Santos Pereira, o JG Ferreira já se questionou, porque razão a dita legislação nada avançou nas matérias “posição dominante colectiva” e “abuso de dependência económica”? De facto o governo PSD/CDS, o Ministro Álvaro com a tutela do tema, e a sua maioria na Assembleia da República, e também com a ajuda do PS, concretizaram uma alteração minimalista e insuficiente da legislação, impedindo – pela inviabilização das propostas do PCP – o desenvolvimento legislativo de três questões fundamentais: a introdução do conceito de «posição dominante colectiva» (hoje presente em legislação de outros países europeus), o aperfeiçoamento e tipificação do «abuso de posição dominante» e sobretudo do «abuso de dependência económica», e ainda a introdução do conceito de «dumping» e a sua penalização em termos concorrenciais. Ora eram estes progressos legislativos que poderiam fazer alguma mossa aos monopólios do sector de BnT!!! 
É fácil perceber, porque razão António Mexia abriu a garrafa de champanhe, quando o Governo se viu livre de Henrique Gomes!(Poucos meses antes (Dezembro de 2011), em audição parlamentar, tinha eu feito uma profecia ao então secretário de Estado sobre o seu destino, caso levasse até ao fim a sua missão. Não me enganei!) E não é difícil, compreender a situação de promiscuidade EDP/poder político dominante: basta olhar para a fotografia a duas páginas do Conselho de Supervisão da EDP, na revista da EDP nº 25 de fevereiro/março 2012. Só ex-ministros PS, PSD e CDS são 6 (com o A Mexia são 7)! Só representantes visíveis da Banca e Grupos do PSI 20 (BCP, BES, Liberbank, J. Mello, Colep/BIG, CIMPOR, CIN) são outros tantos! Todos, naturalmente, fanáticos da austeridade e dos baixos salários (dos outros)! Acredite, JG Ferreiraa fotografia ampliada, dava um excelente cenário/pano de fundo para um debate nos Negócios da Semana, sobre energia eléctrica 
Pedindo-lhe compreensão para a extensão da missiva, 
Com os meus melhores cumprimentos, 
Agostinho Lopes, responsável pela Comissão de Assuntos Económicos junto do CC do PCP e ex-Deputado na AR