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5 de janeiro de 2014

RAQUEL VARELA E O ESTALINISMO

O comentário de Gustavo Statter levou-me a ver o texto de Raquel Varela no http://blog.5dias.net/. Tenho toda a simpatia pelo trabalho que desenvolve quanto à reposição da verdade sobre as questões da segurança social e desmontar as mistificações dos partidos da troika interna (PSD, CDS, PS), porém o texto em causa repete um conjunto de frases feitas da intoxicação populista.
Só podemos atribuí-las a desinformação, já que não a julgo capaz de má-fé. Assim seria bom consultar e analisar os documentos e os posicionamentos de partidos como o PCP e o BE, que refere, antes de com apressada arrogância se pronunciar sobre os mesmos. Na minha opinião acho que é redutora e portanto injusta e para ambos.
Quanto ao “criminoso pacto germano-soviético”, trata-se de uma completa deformação histórica. A URSS necessitava de paz como do ar que respirava. Desde 1936, pelo menos, que insistia em pactos e acordos de paz com as nações europeias. Tentou-o com a Checoslováquia, com a Polónia, com a França e a Grã-Bretanha até ao limite. A política dos governos destes países era de conluio com o nazi-fascismo, que admiravam. Conluio evidente na guerra de Espanha, em Munique, etc. O seu objetivo mesmo em 39 era lançar e apoiar a Alemanha contra a URSS reeditando os tempos da guerra civil. A URSS sabia que ia ser atacada, procurava ganhar tempo essencial para a sua defesa.
Porém o que mais me intrigou no texto foi o seguinte: “(a palavra) Revolução – retirá-la da bagagem de quem construiu o horror estalinista, devolver-lhe o sentido de utopia de solidariedade.” Fiquei espantado, escrevi recentemente (1) que o país“precisa não apenas de uma maioria parlamentar, mas de um processo revolucionário de ampla participação popular para repor a soberania e a dignidade nacionais (…)”. Será que tenho na minha bagagem (?) o “horror estalinista”.
Será que alguém se lembra de dizer que os elementos do PS, do PSD, do CDS trazem na“bagagem” os crimes cometidos pelo colonialismo e o neocolonialismo francês, inglês, belga, pelo imperialismo na Indonésia, no Congo-Kinshasa de Mobuto, ou pelos crimes de Mubarak, do ditador da Tunísia, ou pelos massacres no México e na Venezuela de Bettencourt, por gente da Internacional Socialista, todos considerados democratas do “mundo livre”. Ou pelo conluio com todas as ditaduras que assolaram a América Latina? Ou com as mais recentes conspirações e agressões dos EUA e NATO?
É de facto difícil falar de “estalinismo”, quando na realidade não sei a que propósito é referido e o que representa hoje. É a forma de atacar pessoas sem de nada de concreto serem acusadas. É como na fábula “se não foste tu foi o teu pai” e ficam como criminosos potenciais, gente a marginalizar, desculpabilizando a arbitrariedade para com os qualificados de “estalinistas”. Seria mais sério apontar discordâncias teóricas ou práticas. Mas não, usa-se o termo“estalinismo” como um anátema para bloquear raciocínios. É como se o acusado ao defender-se estivesse a assumir o crime de que é acusado. Encheu-se a palavra de preconceitos e faz-se o que se quiser. Serve também como um “abre-te sésamo”para ser aceite como democrata pela direita, pela social-democracia e por (ditos) socialistas.
Na URSS, no rescaldo da guerra civil, dos atos de sabotagem e terrorismo que se lhe seguiram, ou do colaboracionismo com os nazis, houve vitimas inocentes e violações da legalidade socialista, ninguém honestamente o aceita ou desculpa. Os arquivos do KGB foram porém investigados por assumidos antissoviéticos, o resultado desmascarou as mentiras em voga. Foi escamoteado e a calúnia prossegue com a aceitação de ingénuos, mal informados ou preconceituosos. (2)
O “estalinismo” tem sido o alibi para justificar as cedências às oligarquias e ao imperialismo. O “estalinismo” é afinal a forma de sem argumentos tentar ofuscar as teses fundamentais do marxismo-leninismo.
2 - Os números obtidos e outros dados estão no livro de Domenico Losurdo “Um outro olhar sobre Estaline”. Consulte-se também http://resistir.info/russia/benediktov.html

 

3 comentários:

Anónimo disse...

http://www.hist-socialismo.com/docs/OverdadeiroterrordeStaline.pdf

Staline,foi um menino do coro comparado com Hitler ou os 'democratas'...

Anónimo disse...

"Um outro olhar sobre Stáline" é da autoria do falecido Ludo Martens, ex-presidente do Partido do Trabalho Belga. O livro de Dominico Losurdo chama-se "Stalin, História e crítica de uma lenda negra".

Anónimo disse...

http://en.ria.ru/world/20140110/186407187/Nazi-Veteran-Buried-with-Full-Honors-in-Estonia.html

Fosca-se! E ainda dizem que o judeu Staline matou milhões ? Destes 80 000 nazis estonianos, os que não morreram lutando ao lado do Capitalista HITLER, foram poupados.