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10 de maio de 2014

A situação no emprego e comércio externo


Nota sobre as Estatísticas do Emprego e do Comércio Externo no 1º Trimestre de 2014

1.     Análise dos resultados do Inquérito ao Emprego do 1º Trimestre de 2014
1.1.  Os dados hoje divulgados pelo INE referentes ao seu Inquérito ao Emprego do 1º Trimestre de 2014 mostram que a taxa de desemprego em sentido restrito se situou no 1º trimestre do corrente ano nos 15,1%, correspondendo a 788 100 desempregados, enquanto em sentido lato, se estima uma taxa de desemprego no 1º trimestre de 23,8%, ou seja, cerca de 1 309 600 trabalhadores portugueses estão efectivamente desempregados. Comparativamente com o 1º trimestre de 2013, estes dados mostram-nos uma redução da taxa de desemprego de 2,4 pontos percentuais, isto é, em termos restritos temos no 1º trimestre do corrente ano menos 138 700 desempregados do que em igual período do ano passado.
1.2.  Enquanto o desemprego em termos homólogos se comportou desta forma já do lado do emprego verifica-se que no 1º trimestre a população empregada aumentou 1,7%, isto é, em termos líquidos temos no 1º trimestre do corrente ano mais 72 mil empregos do que em igual período do ano passado. Ou seja, a redução do desemprego neste período homólogo foi muito superior à criação de emprego, o que significa que muitos daqueles que deixaram de ser contabilizados como desempregados não passaram a ter um emprego, mas antes ou passaram a inactivos, ou emigraram ou ainda, fazem parte daqueles muitos milhares de trabalhadores portugueses que tendo perdido o seu emprego, pulalam de cursos de formação em cursos de formação promovidos pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
1.3.  Esta situação dos chamados trabalhadores desempregados ocupados em programas de emprego ou formação profissional merece uma referência especial já que a leitura dos números mostra-nos que este Governo mais do que qualquer outro utiliza estes programas para de forma deliberada mascarar os números do desemprego. O gráfico seguinte com a evolução mensal desde Janeiro de 2010 do nº de desempregados nestes programas de ocupação mostra-nos que se em Março de 2011, ainda com o Governo PS, eram 23 343 o nº de trabalhadores desempregados ocupados nestes programas, no passado mês de Março eram já 161 371 o nº de desempregados empurrados para estes programas (mais 6,2 vezes). Só em 2013 este Governo gastou quase 314 milhões de euros com estes programas, um aumento de 61,2% relativamente a 2012. Assim se reduz aparentemente o desemprego em Portugal.
  

1.4.  Os dados deste Inquérito permitem-nos ainda constatar que a taxa de desemprego Jovem em Portugal se situava no 1º trimestre de 2014 nos 37,5% e que a população desempregada há mais de um ano representa hoje 66,4% do total de desempregados. Este é um indicador preocupante já que quanto mais tempo passa mais difícil se torna a um desempregado voltar ao mercado de trabalho.   
2.     Análise dos resultados do Comércio Externo de Mercadorias no 1º trimestre do ano
2.1.  Os dados do comércio externo de mercadorias referentes a Março confirmam a tendência que se vinha a verificar nos dois 1ºs meses, de abrandamento das exportações de mercadorias e de aceleração das importações. No 1º trimestre do ano as exportações aumentaram apenas 1,7%, enquanto as importações aumentaram 6%. Do lado das exportações a forte desaceleração registada na sua evolução deve-se fundamentalmente à quebra nas exportações de combustíveis e lubrificantes (-30,3%), o que se deve à paragem de uma das fábricas da GALP em Sines para manutenção durante 45 dias. Mesmo que a retoma na produção da refinaria se faça já no mês de Abril, os resultados das exportações no 1º trimestre pode afectar irremediavelmente a evolução das exportações no corrente ano. Já do lado das importações, o crescimento registado no 1º trimestre confirma que um melhor comportamento da nossa Procura Interna (Consumo Privado, Público e Investimento), dada a destruição do nosso aparelho produtivo, conduz inevitavelmente a uma subida das nossas importações. Lá se vai por água abaixo o equilíbrio da Balança Corrente tão festejado por este Governo.   
CAE, 09 de Maio de 2014
José Alberto Lourenço

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