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5 de junho de 2014

O paleontólogo de "esquerda"

O artigo de opinião de André Freire no jornal "Público" de hoje dia 5 de Junho sobre os resultados das últimas europeias levou-me a escrever-lhe em resposta o seguinte: 

André Freire 

Li o seu artigo no Jornal Público de hoje, fiquei literalmente pasmado e não resisti a dizer-lhe umas coisas. 

O André Freire, um politólogo dito de esquerda, consegue fazer aquilo que nenhum politólogo de direita até hoje fez, escrever um texto em torno dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu do passado dia 25 de Maio ignorando pura e simplesmente o resultado da CDU, quando a CDU foi entre as maiores forças políticas aquela que mais cresceu em relação às anteriores eleições europeias (+19% em percentagem e + 9,7% em votos), apesar do aumento da abstenção.

O André Freire, um politólogo dito de esquerda, consegue valorizar a afirmação mais ou menos bem sucedida, como diz, de micropartidos como o MPT, o LIvre e o PAN, e ignorar a subida da CDU quando sabe muito bem que os votos nesses pequenos partidos são em muitos casos manifestações transitórias de descontentamento com os grandes partidos do centrão (PS/PSD/CDS) que se têm alternado no poder, enquanto o voto crescente na CDU tem na esmagadora maioria dos casos uma carga simbólica bem maior e trás consigo um significado político bem mais significativo para a esquerda e para o país. 

Muito daquilo que se está a passar no PS hoje não é indiferente aliás aos bons resultados que a CDU e o PCP têm vindo a obter nas últimas eleições, sejam elas legislativas, autárquicas ou mais recentemente para o Parlamento Europeu. 

O André Freire não contente com o ruidoso silêncio a que votou os resultados da CDU e do PCP nas ultimas eleições para o Parlamento Europeu, conseguiu ainda na parte em que se refere à análise das eleições no âmbito Europeu desvalorizar o resultado eleitoral do PCP, apelidando este voto de integrante da esquerda radical do GUE/NGL e contrapondo à sua subida, o crescimento da direita radical na Europa. Ou seja não só não valoriza os resultados da CDU como ainda apelida o voto no PCP de voto na esquerda radical.

Ao ler este seu artigo no Público percebo melhor a sua intervenção no Prós e Contras realizado no dia a seguir às últimas eleições europeias. O André Freire ficou preocupado com a subida da CDU e com o que isso possa significar e por isso se nesse Programa procurou responsabilizar o PCP pelo facto de o PS no Governo ter sempre prosseguido políticas de direita, neste seu artigo optou por silenciar um dos factos mais relevantes destas eleições, a vitória da CDU, não vão eles os comunistas e seus aliados continuar a crescer e com isso ganhar força para a formação em Portugal de um Governo que prossiga uma política patriótica e de esquerda, que trave as últimas décadas de políticas de direita no nosso país e que abra uma janela de esperança para a vida de milhões de portugueses.

É caso para dizer que com polítólogos de esquerda destes ou antes com paleontólogos destes, a direita pode continuar a dormir descansada.

Cumprimentos

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