Linha de separação


27 de abril de 2016

O papel do BCE na crise da banca

As audições e inquéritos parlamentares têm mostrado como a UE se transformou num conjunto de Estados disfuncionais. O próprio regime parlamentar, símbolo da democracia burguesa, ou seja: a democracia oligárquica, que de democracia já tem muito pouco, é posto em causa.
Perante os deputados são evidentes as mentirolas e os conluios escudados ou na falta de memória ou no secretismo em função das regras e procedimentos feitos pela burocracia da UE. O governador do B de P, que deveria ser um representante do Estado português mostrou não passar de um funcionário do BCE, um mero executante, aliás sem brio na defesa do que seriam os interesses nacionais.
O governador do B de P não informou o governo da proposta que iria apresentar ao conselho do BCE “nem o podia fazer”!  Repare-se nas suas declarações: “os membros do conselho do BCE não podem por imposição das regras europeias divulgar ou discutir com as autoridades nacionais questões que vão ser decididas pelo conselho”. Mais: não podem receber ou solicitar instruções de instituições ou de quaisquer entidades nacionais.
Esta “confidencialidade” é, dizem, garantia da “independência”. Mas independência de quê e de quem? Acresce que a ata da reunião do BCE que decidiu sobre o BANIF foi distribuída aos deputados censurada. Traços negros impediam a leitura do texto e o governador não estava autorizado perante a comissão de inquérito parlamentar a divulgar. Bela regime parlamentar! É o que os propagandistas defendem como “democracia e economia de mercado”…
Mas o BCE tem mais poderes discricionários, os burocratas ao serviço da oligarquia decidem sobre as licenças de operação bancária. Assim foi proibido que se constituísse um banco de transição do BANIF separando as imparidades, não permitiu a utilização plena do chamado colateral do banco, e decidiu a suspensão das operações de política monetária com efeitos imediatos a partir de 21/12/2015, caso o banco não tivesse sido vendido ou resolvido.
Isto é, o BCE toma decisões à margem dos interesses do país, decisões que não explicam, não justificam, nem sequer se podem divulgar as atas das reuniões havidas. Mas são no final tomam decisões que implicam milhares de milhões a pagar pelos contribuintes e dívida que acresce para o Estado.
Portanto era isto que os propagandistas amestrados queriam com o “mais Europa” e a “Europa a falar a uma só voz”, que resolveria…todos os problemas. A quem?
As privatizações da banca renderam 3,63 mil milhões de euros (3,6% do PIB de 1997) entre 2008 e 2014 o Estado gastou a salvar banqueiros “sistemáticos”, 19,5 mil milhões, sem contar com o BANIF e outros. (Agostinho Lopes em sessão sobre a banca)
É pois necessário entender que o euro é uma moeda disfuncional. Que um país sem moeda própria não tem soberania. Que não é admissível “taxação sem representação” e isso é o que atualmente ocorre na UE, quando entidades burocráticas não eleitas decidem sobre custos para os cidadãos sem estes sequer serem informados nem terem alternativa de discutir ou contestar decisões, pois os burocratas podem a qualquer momento cortar a liquidez financeira de um Estado se não forem cumpridos os seus "ucasses".
Como disse Paul Craig Roberts: “a finança é mais perigosa para os Estados que o terrorismo”.

Sem comentários: