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1 de setembro de 2016

Contas Nacionais

Nota sobre as Contas Nacionais Trimestrais – 2º trm de 2016
INE, reviu em alta estimativa do PIB no 2º trm
Depois de há três semanas, nas suas estimativas rápidas o INE ter estimado, um crescimento do PIB no 2º trimestre do ano, de 0,2% em cadeia e 0,8% em termos homólogos, veio agora rever essas estimativas em alta. Afinal o PIB, de acordo com as mais recentes estimativas do INE, cresceu em cadeia 0,3% e termos homólogos 0,9%.
Para esta alteração contribuiu fundamentalmente a incorporação de informação adicional sobre os deflatores das importações e exportações e sobre a balança de pagamentos.
Os dados agora divulgados mostram que apesar do crescimento em termos homólogos registado nos dois primeiros trimestres do ano ter sido idêntico (0,9%), os contributos para esse crescimento, da Procura Interna (Consumo Público, Consumo Privado e Investimento) e da Procura Externa Líquida (Exportações Líquidas das Importações) foram muito diferentes de um trimestre para o outro.
Enquanto no primeiro trimestre do ano, a Procura Interna contribuiu com 1,7% para o crescimento em termos homólogos e a Procura Externa Líquida contribuiu negativamente com -0,7%, neste segundo trimestre a Procura Interna registou um forte abrandamento para 0,6% e a Procura Externa Líquida contribuiu positivamente com 0,2%.
Para o abrandamento da Procura Interna, do primeiro para o segundo trimestre, contribuiu por um lado o menor crescimento do Consumo Privado (passou de 2,6% para 1,7%) e por outro lado a queda ainda mais acentuada do Investimento (de -1,2% para -3,1%). Do lado da Procura Externa Líquida a melhoria registada em termos homólogos deveu-se ao facto de em termos reais a desaceleração das exportações de bens e serviços (de 3,1% para 1,5%) do primeiro para o segundo trimestre, ter sido bem menor do que a desaceleração real das importações de bens e serviços (de 4,6% para 0,9%). Quer as exportações, quer as importações em termos reais foram neste último trimestre fortemente influenciadas pela queda dos preços das exportações (-3,0%) e das importações (-4,9%), as mais elevadas dos últimos trimestres.
Os dados agora divulgados pelo INE permitem ainda concluir que na óptica das Contas Nacionais, enquanto no primeiro trimestre do ano em termos homólogos o emprego tinha crescido 1,1% (+ 50 300 empregos), neste segundo trimestre o emprego cresceu 0,8% (+ 35 800 empregos). Tendo em conta que estes dados sobre o emprego estão corrigidos de sazonalidade é também possível a partir destes dados afirmar que nos primeiros seis meses de 2016 foram criados 28 500 empregos.
Numa síntese final podemos afirmar que a nossa economia cresceu no 1º semestre a um ritmo de 0,9%, metade do ritmo previsto pelo Governo para todo o ano e apesar de ter criado neste período 28 500 empregos como resultado da reposição de parte dos rendimentos dos trabalhadores e pensionistas e do consequente crescimento do consumo, viu cair o investimento e abrandarem as exportações e as importações.  
Esta estimativa sugere que a economia portuguesa não conseguiu ainda inverter o ritmo de desaceleração do crescimento registado desde o início do 2º semestre do ano passado.
Os resultados da nossa economia são cada vez mais claros e óbvios, pressionados pelas imposições do Tratado Orçamental, pelas necessidades de redução do défice orçamental e por um enorme e crescente serviço da dívida, o investimento público caí para níveis nunca antes vistos e arrasta consigo o investimento privado, a queda do investimento por sua vez tem óbvias implicações num menor ritmo de crescimento da economia e consequentemente do emprego, do consumo, das importações e exportações.
A nossa economia está hoje em ponto morto e sobrevive com apenas um motor a funcionar (o consumo), já que dois dos seus principais motores estão praticamente parados (investimento e exportações). Esta é uma situação insustentável a prazo!
31 Agosto de 2016                                                

  Lourenço

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