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19 de julho de 2017

Há mil razões para isto estoirar

O Negócios foi ouvir a história da pessoa que há mais tempo exerce a profissão de consultor de investimento em Portugal. A experiência de Hugo O’Neill leva-o a afirmar com certeza que o colapso dos mercados está para breve. O “trader” contou as suas vitórias e falhanços e ainda teve tempo para deixar umas dicas de investimento.

(...) um aumento exponencial do endividamento do sector financeiro, às sucessivas bolhas especulativas com as consequências que agora se conhecem. 
Acresce que o peso dos depósitos nos balanços dos bancos dos EUA decresceu muito, o que aumenta consideravelmente o risco. 

Está a falar de uma bolha gigantesca. 
Sim! Não foram tomadas medidas estruturais visando a redução global do endividamento. Houve sempre uma visão de curto prazo, inerente da democracia que encurta o espaço de acção a quatro anos, os ciclos eleitorais. Basta pensar que a dívida total dos EUA - incluindo a dívida não titulada envolvendo compromissos do governo à segurança social - ascende a 120 a 130 triliões de dólares. É impossível de resolver! O PIB anual, mesmo sendo optimista, é de 16 a 17 triliões. 

A bolha vai rebentar? Quando?
Não se sabe. Tanto pode ser amanhã ou em breve, há mil razões para isto estoirar, a crise no Qatar com o Médio Oriente, a volatilidade das relações externas de Trump, o descrédito em relação à política económica de Trump, por exemplo. É uma bolha gigante que envolve uma sobrevalorização do mercado de acções americano. O índice S&P500 apresenta neste momento um P/E (CAPE) de 30 vezes, ou seja, o valor do índice é cerca de 30 vezes o resultado médio por acção ajustado pela inflação, o que corresponde a um desvio de cerca de 80% acima da média. Quando rebentar, tanto para as empresas boas como para as más, só se safa quem esteja em activos que possa mobilizar de forma independente.  

Tais como?
As moedas virtuais que fogem de tal maneira aos governos e podem servir de refúgio, é arriscado, mas é um caminho. Mais seguro é fazer aplicações em ouro, em economia real: imobiliária, agricultura. África é uma oportunidade fantástica. Vai haver um ‘back to basics’. 

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