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19 de setembro de 2017

A comunicação social e a Autoeuropa

TERRORISMO MEDIÁTICO 
Que outra coisa se pode dizer do bombardeamento noticioso e comentarista da comunicação social dominante em torno da greve na Autoeuropa? Onde tem valido tudo, sobretudo atirar poeira para os olhos… A mentira despudorada, o anticomunismo bolorento, o anti-sindicalismo patronal fascistóide, a subserviência rastejante perante o grande capital. «Quem paga manda»! Tudo o que os trabalhadores conquistaram com duras e heróicas lutas no século XX, o que foi trazido pela Revolução de Abril e inscrito na Constituição, deve ser varrido para baixo do tapete, em nome do direito do capital. Do direito do mais forte. 
Abordam pelo menos o diferendo laboral? As razões pelas quais a generalidade dos trabalhadores decidiu e fez greve? Não! Aparentemente, para essa gente, a questão do horário de trabalho, e o seu registo civilizacional, escrito a sangue, («oito horas», dias de trabalho e descanso semanal, trabalho extraordinário) é coisa despicienda. «Os trabalhadores da Autoeuropa sempre defenderam os seus interesses e, em diversos processos de negociação verificados ao longo dos anos, sempre recorreram a tomadas de posição e formas de luta que travaram ou fizeram recuar medidas que sentiam atingir os seus direitos. (…) Na Autoeuropa o trabalho efectuado aos sábados, domingos e feriados foi sempre considerado como trabalho extraordinário e pago como tal. É, por isso, natural que os trabalhadores tomem posição sobre esta questão e defendam os seus direitos. É isto que está em causa e cabe aos trabalhadores e às suas organizações representativas definir as suas posições e formas de luta (…). Tal como os trabalhadores têm afirmado, é necessário encontrar soluções que permitam responder à defesa dos seus direitos e ao desenvolvimento da produção nesta empresa.» (Nota do GI do PCP, 30AGO17). 
Um exemplo, exemplar: a edição do Expresso de sábado, 2 de Setembro. Se não nos enganamos na contagem, só tem 14 abordagens! Duas por Nicolau Santos, no Caderno de Economia e na Revista, textos de Rosa Pedrosa Lima, João Duque, Daniel Bessa e M. Sousa Tavares, texto na entrevista de António Saraiva/CIP, nota da rubrica Gente, registos nas colunas de Henrique Monteiro e Luís Marques, duas cartas de leitores, 
texto no Editorial e claro… annos Altos e Baixos, o dirigente do SITESUL, em baixo. Ficamos à espera das sáurias lágrimas pela destruição das empresas e liquidação de postos de trabalho na PT e na CIMPOR (o rol podia ser alargado). Duas das maiores e mais importantes empresas, liquidadas pela voracidade accionista e total responsabilidade da política de direita de PS, PSD e CDS, e a cumplicidade activa da generalidade dos agentes mediáticos que agora tão compungidamente se manifestam. 
É notável a bipolaridade destes espíritos. Durante dois anos lamentaram e invectivaram o PCP e sindicatos. O que eles choraram! Não havia greves nem manifestações, quando muito umas paralisações e manifestaçõezitas folclóricas da função pública! O PCP castrava a luta para fazer o frete ao governo PS. Azar dos Távoras: uma greve, decidida pela maioria esmagadora dos trabalhadores, num plenário convocado pela Comissão de Trabalhadores, numa grande empresa industrial privada e de capital alemão! Aqui d'el rei, que querem dar cabo da economia nacional!

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